O Livro

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Gosto de rimas, me deixas rimar!

É essa a primeira resposta à pergunta corriqueira: Qual a razão de escrever um livro de poesias?

E essa resposta abre o livro, logo após o índice.

Mas não é apenas isso. A poesia é mesmo, é sim, fascinante e poderosa.

O jogo de sentidos que as palavras e as rimas proporcionam, os múltiplos significados que um mesmo texto produz em leitores diferentes - que misturam seus sentimentos e experiências com as palavras do autor -, tornam o texto poético uma força ímpar.

O PROCESSO

Escrevo desde sempre, mas a ideia de publicar só surgiu seriamente quando me dei conta, a partir das interações nas redes sociais, de que havia nos textos que compartilhava algo de relevante para diversos leitores. Ao longo dos últimos dois anos passei a produzir textos mais concisos, mais limpos, deliberadamente mais curtos, na perspectiva de que as pessoas apreciavam ser tocadas por essas pílulas, por esses fragmentos de ideias, de sentimentos, de desejos, de sensações. Nessa perspectiva, de produzir sensações, se possível, em alguns momentos, que fossem para alguns arrebatadoras, profundas, intensas, é que cresceu o desejo de produzir um livro ilustrado.

Cogitei do uso de fotografias, talvez em preto e branco. Talvez apenas rabiscos, texturas, sem particular significado, sem necessariamente guardarem conexão com as palavras. Afinal, uma das preocupações com o uso de imagens e ilustrações num livro de poesias é exatamente a influência que elas têm no imaginário do leitor, talvez carregando indesejados pré-conceitos. Contudo, me convenci, ao longo do processo, que existiam textos que poderiam ficar bem acompanhados com imagens. Elas poderiam encher os olhos e atraí-los para o elemento central: a palavra, o texto, a rima. E quando me debrucei para selecionar os textos, logo me pareceu inadequado simplesmente ajuntá-los aleatoriamente.

Então, comecei a separar os textos pelas sensações que me provocavam e surgiu a ideia de começar com aqueles mais reflexivos e em alguma medida até pessimistas, mas terminá-lo com os poemas que evocam esperança, recomeços.

Nasceu daí a estrutura do livro, que acabou organizado em cinco capítulos:

  • I – Epitáfio

    contendo reflexões sobre a vida e a morte;
  • II – Inverno

    reunindo textos mais pessimistas, melancólicos;
  • III – Outono

    com textos que evocam transição;
  • IV – Tempestade

    que carrega um conteúdo mais eclético, de arroubo, arrebatamento, como também de protesto, e onde foram encaixadas algumas dezenas de pensamentos sobre múltiplos temas (lampejos);
  • V – Prelúdio

    com aqueles textos que evocam recomeços.

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Quando encontrei o Phelipe Oliveira, e começamos a trabalhar no projeto gráfico do livro, o resultado não foi soma, mas multiplicação.

Isso porque da ideia de distribuir os textos em cinco capítulos, da minha insistência no uso da cor e da atenção e cuidado de Phelipe em imaginar e construir algo belo, sem rebuscamentos, fez nascer não um livro cheio de cores e desenhos, mas uma obra resultado do encantamento recíproco que tivemos pelos traços e pelas palavras um do outro.

O projeto gráfico concebido pelo Phelipe resultou em belas páginas, sendo que cada capítulo foi produzido numa única cor, procurando conferir uma identidade, uma coerência visual, fugindo dos excessos.

Foram muitas horas de revisão, correções, alterações de fechos, ensaios de capas, ajustes de formas e cores, teleconferências. Foram vários os cortes de textos que desejava publicar mas que, na verdade, não estavam ainda prontos. Voltaram para a gaveta, quem sabe para, uma vez terminados, possam contribuir para uma edição diferenciada.

Livro revisado e diagramado – tanto para impressão quanto para e-book -, passamos a pensar mais seriamente sobre uma das primeiras ideias que Phelipe teve ao tomar contato com o material do livro, que consistia em ir além dele, transformando “Fragmentos” em algo maior, não se limitando à publicação e a uma fan page.

Seguiu daí a construção do site www.livrofragmentos.com (que não se limitará aos conteúdos relacionados ao livro, mas a discussão e divulgação literária), bem como a conexão do texto “Tapadópolis” (págs. 90 e 91 do livro) à comunidade de mesmo nome do facebook (https://www.facebook.com/tapadopolis), que expõe as mazelas de nossa sociedade.

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O grande desafio passou a ser como viabilizar a publicação da versão impressa do livro, dado que sua concepção colorida impõe uma impressão de alta qualidade e, por conseguinte, cara.

A autopublicação, ainda que via crowdfunding, pareceu ser a melhor alternativa, dada a dificuldade presumível que seria encontrar editora disposta a investir num livro de poesias, de produção cara, e de autor estreante.

E a partir disso veio a ideia de criar um selo para publicar “Fragmentos”, na perspectiva de que, uma vez lançado com sucesso, seria possível ampliar os horizontes, auxiliando outros autores a publicar obras literárias de qualidade, a partir inclusive das interações que se pretende criar com o site do projeto.

Surge a “Indigestus Editora”.